Carta de Princípios dos CJs no Brasil

CARTA DE PRINCÍPIOS DOS CJS - VERSÃO PARA IMPRESSÃO


COLETIVOS JOVENS DE MEIO AMBIENTE NO BRASIL

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CARTA DE PRINCÍPIOS


Quem somos 

Os Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJs) são um movimento nacional de jovens ambientalistas empenhados num esforço intergeracional de construção de sociedades sustentáveis, atuando nas diferentes dimensões da sustentabilidade. 
Por quê

Porque “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade (sociedade) o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (Art. 225 da Constituição Federal de 1988);

Porque “a participação da juventude atual na tomada de decisões sobre meio ambiente e desenvolvimento e na implementação de programas é decisiva para o sucesso a longo prazo da Agenda 21” (Cap. 25 da Agenda 21 Global);

Porque a juventude, ao mesmo tempo em que concentra os maiores índices de vulnerabilidade social, é uma população estratégica para a transição do modelo de sociedade do consumo para uma sociedade do cuidado e, por outro lado, o campo socioambiental oferece respostas às fragilidades sociais da juventude como uma oportunidade de formação, trabalho e renda, saúde, inclusão e proteção social já em uma perspectiva mais sustentável da sociedade. (Programa Juventude e Meio Ambiente);

Porque vemos a Educação Ambiental como uma ferramenta que permite uma visão holística do meio ambiente, respeitando sua complexidade, que “afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica” (Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global);

Enfim, porque somos a mudança que queremos ver no mundo.
Como nos articulamos nacionalmente
Os Coletivos Jovens de Meio Ambiente atuam localmente de forma autogestionada com base nos princípios nacionais presentes nesta carta e respeitando as diferentes realidades locais. Organizamo-nos segundo a identidade territorial mais adequada à atuação local (biomas, bacias hidrográficas, municípios, regiões, entre outros), mas a identidade Estadual é fundamental para a articulação nacional, cabendo aos coletivos locais organizarem-se no âmbito Estadual.

Localmente, os CJs atuam por demandas espontâneas presentes em cada território, mas nacionalmente os CJs se organizam por meio de:
- Pautas, bandeiras, intervenções e ações convergentes de âmbito nacional
- Encontros Nacionais, Plataformas virtuais de comunicação, formação e gestão
- Encontros Virtuais (periódicos)
- Campanhas e processos nacionais de intervenção e influência política e social
Destacamos que:
As ações locais realizadas pelos Coletivos Jovens se dão a partir da soma de esforços baseada em termos e acordos de parceria pautados na coerência política.

Para tal, destacamos nosso compromisso neste exercício, como o de controle social nas parcerias com o Poder Público; o de controle socioeconômico com a esfera privada, coerentemente com os princípios do CJ; e também com outros Movimentos e Organizações Sociais.

Quais são nossos objetivos

Formar:
- Formação de jovens nos temas da sustentabilidade socioambiental;
- Formação em metodologias colaborativas, processos participativos e grupos;
- Formação política de jovens para os temas socioambientais;
- Formação histórica, metodológica e conceitual para o engajamento de novos integrantes aos CJs dando continuidade ao legado histórico desses coletivos;
- Compartilhar, em âmbito local, conhecimentos, experiências e boas práticas nacionais; e, em âmbito nacional, os conhecimentos, experiências e boas práticas locais;
- Criar espaços e processos de aprendizagem sobre Juventude e Meio Ambiente.

Mobilizar:
- Mobilizar as múltiplas esferas da sociedade, com a perspectiva de atuação da juventude na disseminação da educação ambiental;
- Mobilizar jovens para as pautas socioambientais;
- Mobilizar atores socioambientais para as pautas da juventude.

Articular e Fortalecer:
- Fortalecer a atuação dos CJs em âmbito regional e nacional, por meio da cooperação em rede;
- Participar da elaboração e execução de Políticas Públicas de Juventude e Meio Ambiente;
- Utilizar e compartilhar conceitos e metodologias.
  
Apoiar: 
- Iniciativas locais e nacionais de outros movimentos, organizações e redes que atuam nas questões de juventude e meio ambiente e dialogam com os princípios dos CJs;
- Formação das Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola, fruto de uma construção coletiva, deliberada na I Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, por meio do produto final desta, a Carta das Responsabilidades;
- A construção metodológica e prática dos processos de Conferência Infantojuvenil.

Nossos princípios e valores

Pensar e agir local e globalmente Ação entre Pares:
- Jovem Educa Jovem
- Jovem Escolhe Jovem
- Jovem Mobiliza Jovem
- Jovem Cuida de Jovem

Intergeracionalidade:
- Uma geração aprende com a outra
- Uma geração cuida da outra

O que fazemos

O saber cuidar é essencial à condição humana.  A ideia de ser no mundo, a partir da interação e intervenção na natureza, norteia a forma de cuidado dos Coletivos Jovens. Sendo assim, cuidamos:

Do Eu:
Conhecendo e estando consciente do meu lugar no coletivo, na sociedade e no mundo; 

Do outro:
Entendendo o outro como uma extensão minha e do planeta, praticando a empatia;

Do grupo:
Preservando e orientando nossa estruturação a partir da horizontalidade e da organização em redes;

Do Tempo:
Cuidando dos tempos sincronizando o intuitivo e o lógico para sermos arquitetos da realidade;

Do Espaço: 
Permitindo ser guiado por uma visão de criação cooperativa para a transformação emancipatória;  

Do Território: 
Sabendo que nosso local de vivência é aquele pelo qual lutamos;

Das pessoas:
Cuidando para que haja um diálogo franco com a comunidade externa ao CJ;

Do Processo:
Cuidando dos passos que damos enquanto arquitetamos a realidade que queremos;

Da Sociedade/Política:
Praticando e exercitando a cidadania com democracia;

Do Diálogo:
Mantendo um diálogo saudável num processo de compreensão de si mesmo e do outro;

Da Natureza:
Reconhecendo que fazemos parte de um todo, despertando as pessoas para o sentimento de ligação e pertencimento à Mãe-Terra.


Como fazemos o que fazemos?

Para estar no CJ:
Participam dos CJs jovens de 15 a 29 anos interessados na emancipação coletiva, sendo agentes multiplicadores socioambientais.

Os processos em que os CJs se inserem são fortalecidos conforme ocorre a troca de saberes e experiências entre jovens com mais ou menos tempo de atuação e a transição dos jovens há mais tempo para os recém-chegados. As diferentes gerações têm sempre algo a ensinar e a aprender, por isso, todos podem ser parceiros do coletivo. Os membros do CJ constroem suas ações com base no consenso de ideias, considerando os perfis individuais e as realidades locais, buscando, constantemente, conhecimentos internos e externos.

Para transformar:
As práticas dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente são fundamentadas em responsabilidade, comprometimento e cuidado desde o indivíduo até o coletivo, acreditando no empoderamento e no protagonismo da juventude para a transformação.

Dessa forma, os CJs trabalham com e para jovens na articulação de agentes para sensibilização e mobilização rumo à sustentabilidade. Atuam de maneira autogestionada, a partir de demandas espontâneas, bem como ações planejadas internamente para a disseminação da Educação Ambiental, de acordo com a premissa do pensar global e agir local.

Para ser CJ:
O ser CJ, perpassa por experiências que nos levam ao pertencer ao espaço, ao redescobrir, e ao ressignificar de uma maneira comprometida e apaixonada. Viajar no mundo dos limites e das possibilidades, marcando-as com rituais e vivências de imaginação, de tempo, de espaço, rotina, constância, planejamento, registro e avaliação que envolve a construção do grupo, das identidades, do nosso pulsar, de nossa vida.
  
Celebrar o movimento em momentos como “entrar no CJ”, “sair do CJ”, “passar o bastão”, “celebrar conquistas”, numa constante renovação de ideias, ações e membros. A animação e o fortalecimento fazem-se necessários, assim como a gestão de conflitos que vise à saúde das relações interpessoais do coletivo e de suas parcerias, exercitando nossos princípios, nossa memória histórica e propagando o sentimento de coletividade rumo à realidade que queremos construir.

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