quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Meu testemunho de CJtinha...

Sou Thaís Carneiro, de Tailândia, interior do Pará, militante do movimento estudantil secundarista brasileiro e eu também já fui uma “cejotinha”! Em 2008, quando tinha 13 anos, cursando a 8ª Série do Fundamental em minha cidade, participei da III Conferência Infanto-Juvenil de Meio Ambiente (CIJMA). Construímos a conferência na escola, o projeto que minha turma havia apresentada do qual era uma das formuladoras passou para a etapa municipal, desta passou para a Etapa Regional. Nosso projeto era sobre a criação de uma Horta Orgânica na escola. Defendi-o em todos os espaços até chegarmos na Etapa Estadual da Conferência, nesta não passamos, mas um outro projeto de nossa cidade chegou a ir para a etapa mundial em Roma, ficamos muito felizes por eles, este era sobre a arborização em um distrito da cidade. Ambos não foram implementados até hoje: nem a horta orgânica na escola e muito menos o plantio de árvores no distrito. Lhes conto por alto esse momento de minha vida para que entendam melhor o que se segue. A CIJMA foi o primeiro espaço de participação ativa em que me inseri na vida cidadã e foi com certeza decisivo sobre o que me tornei. Nesse mesmo ano eu estava iniciando a militância no Movimento Estudantil, havia assumido o Grêmio de minha escola, que fundamos e vencemos a eleição no final do ano anterior, 2007. Era tudo muito difícil, eram poucos os colegas que realmente participavam ativamente. A gestão que ajudei a tocar aconteceu paralelamente à participação na Conferência e àquela altura da pequena vida, na adolescência, tudo era muito intenso. Eu estava me achando no mundo com todas aquelas idéias para mudar a escola e portanto o mundo, o nosso mundo, meu e de meus colegas! Era excitante, tudo o que já pensava desde os 9 anos estava começando a tomar forma, eu iniciava na correria das organizações.

Meu empenho forte na área ambiental parou por ali. Segui no Movimento Estudantil, disputei com outros colegas que já eram “companheiros” o grêmio de minha escola de Ensino Médio duas vezes. Perdemos. Fundamos a UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas) de Tailândia (UMEST). Fui diretora de Relações Públicas e depois de Formação Política e Social, cargo em que me empenhei para emancipar politicamente meus colegas estudantes. Fazia coisas como palestras sobre o ECA com estudantes do Ensino Fundamental, ajudava a “formar” os outros diretores em suas pastas, inclusive Meio Ambiente, conquistava outros para a Organização Estudantil. Com certeza foi o momento mais lindo de minha vida até aqui! Nesse meio tempo eu e meus companheiros já nos organizávamos em uma força política (grupo que disputa o Movimento) do Movimento Estudantil nacional, o Movimento Mudança. A “Mudança”, como somos chamados era e é ainda hoje a única força do ME secundarista que pauta Meio Ambiente no âmbito do movimento e da escola e diferente de muitos outros grupos da militância tradicional estudantil, sobre a ótica da Educação Ambiental.

Desde o final de 2011, após a realização do 39º Congresso da UBES (CONUBES), estou vice-presidente desta entidade que tem a missão de representar todos os mais de 53 milhões de estudantes secundaristas do país, a Gloriosa União Brasileira dos Estudantes Secundaristas! Da experiência que tive no começo de minha vida política, a participação na III CIJMA, trouxe muitos sonhos que ainda estou construindo na UBES. A importância da existência do Grêmio Estudantil e da Com-Vida (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida) e em harmonia na escola, construindo-se os dois coletivamente pelos estudantes é uma das maiores questões que levanto em minha atuação, justamente porque sei da necessidade de ambos para a construção de uma nova cultura política, de um outro modo de relação entre homem-ambiente-natureza a partir da participação e organização iniciada dentro da escola, que é uma das Instituições mais importantes para a formação do ser humano e onde realmente podemos combater com efetividade os preconceitos, opressões e modos ultrapassados pensar e agir que nos moldam apenas mais máquinas para a manutenção da velha engrenagem no sistema que esta dado. É porque sei da vitalidade de todos esses sonhos, instrumentos e pessoas para a construção de uma nova ordem societária e disso, encho a boca para falar: Eu aprendi na base! Foi por essa compreensão que durante a Cúpula dos povos/Rio + 20 ano passado empenhei meu máximo na organização e realização do I Seminário de Meio Ambiente da UBES, espaço que reuniu estudantes de todas as regiões do país para o debate em torno do tema. Foi algo pequeno em comparação ao que eu e alguns companheiros queríamos, mas foi tão importante que mais que repercutir em outros espaços que ocorreram durante aqueles dias no Rio de Janeiro, hoje já há a consciência de vários outros grupos do Movimento Estudantil Secundarista da importância e necessidade de se pautar a temáticas envolvidas em torno do meio ambiente tanto no movimento, como na escola e melhor: Há o comprometimento de vários atores da militância estudantil para com a realização de um Encontro de Meio Ambiente da UBES, que pelo que sonhamos, deverá reunir estudantes secundaristas em algum momento da próxima gestão da entidade para se debruçar sobre tudo que permeia esta pauta.

Sigo acreditando na necessidade de a partir do envolvimento dos agentes que atuam no cotidiano da sociedade trabalharmos todos juntos a construção de um outro mundo possível a partir das fendas lamentáveis existentes neste! Sigo com outros militantes, companheiros, estudantes tentando conciliar a construção do Grêmio com a Com-Vida que muitas vezes são postos de lados opostos, um em detrimento de outro no ambiente escolar, quando na verdade, são ambos instrumentos legítimos de jovens pessoas para a construção de um melhor ambiente escolar, de uma realidade mais sustentável! A participação naquela Conferência la nos altos dos meus 13 anos de idade foi decisiva sobre tudo o que penso e faço hoje e quero para a educação, o Brasil, o mundo e as pessoas. Acredito que ela, mesmo com problemas que precisam ser vistos e resolvidos, é crucial para a construção desse novo mundo que tanto todo mundo fala. As Conferências, as Com-Vidas, os Grêmios, os Sindicatos, os Coletivos e principalmente: os sonhos e as pessoas, porque estas são o mais importante!

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